terça-feira, 22 de setembro de 2009

De quem é a culpa?
Engraçado como tudo que acontece acaba sendo culpa da Imprensa. Os políticos, esses, são verdadeiros coitados, não tem culpa, são honestos, lícitos. Quem atrapalha tudo é a democracia que proporciona a imprensa poder para comunicar tudo àquilo que bem deseja, sem que da boca dos políticos tenha saído uma vírgula sequer... É imprensa, a culpa é sua!
Por falar em democracia, por mais que os políticos digam ser favoráveis, no recôndito de seus gabinetes a condenam. A democracia é um estorvo na vida dos políticos. Porque em seu encalço vem algo chamado imprensa, mídia.
Na quinta-feira o colunista Arnaldo Jabor, em seu comentário no Jornal da Globo dizia o seguinte: "A informação atrapalha a devassidão do poder, ninguém pode mais roubar em paz, nem perseguir dissidentes em paz".
No cenário da política nacional isso é uma constante. Políticos que falam demais, depois de lançar a caca no ventilador acabam sempre usando a imprensa como inimiga. A imprensa disse isso, a imprensa disse aquilo, a imprensa destruiu a imagem de tal pessoa. A imprensa, sempre a imprensa.
Na Argentina, por exemplo, a presidente Cristina Kirchner vem criando uma série de sansões para a imprensa, impedindo que o grupo Clarín divulgue irregularidades de seu governo. Não podemos esquecer da barbárie cometida por Hugo Chávez que tirou a concessão de uma emissora de TV, que ia contra seus princípios (?). Censura! Em pleno século XXI.
Fatos comuns do cenário mundial, também são realidade aos órgãos de imprensa local. Engana-se quem não acredita nisso. Para nós, jornais do interior as coerções são piores, afinal, diariamente cruzamos nas ruas com o prefeito, secretários, vereadores e outras fontes.
Recentemente manchetamos: "Prefeito Geraldo Garcia pode ser cassado", bastou isso para nosso jornal receber todas as críticas. Inclusive até uma carta do prefeito, para que apontássemos a informação precisa do procedimento (judicial, policial ou administrativo) que ele estaria sendo investigado, para que pudesse apresentar sua defesa. Mas em nenhum momento o acusamos, e detalhe a palavra pode, indica que o fato pode não acontecer. Se isso irá acontecer, não cabe a imprensa julgar, e sim ao Ministério Público, que vem averiguando possíveis irregularidades no contrato de concessão do transporte público.
Não estamos aqui para julgar ou condenar ninguém, não queremos o papel de Pôncio Pilatos que estão nos dando. Nosso compromisso é com a verdade. Ressaltamos que acompanharemos o processo. E da mesma forma que publicamos uma declaração do vereador que disse que alguns fatos que ocorrem em Salto podem levar a cassação, iremos publicar a decisão do Ministério Público. Torcemos para que o CPF do prefeito continue limpo como sempre foi. E a imprensa cumprindo seu papel como deve ser.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

“Fazer o que é fácil ou o que é correto”

O título acima é uma frase utilizada pelo vereador Otávio Milhares (PDT) logo no começo da atual legislatura e que se tornou bordão do vereador Willhes Silva (PV). No decorrer do editorial dessa semana o leitor entenderá o porquê de seu uso.
O cenário político em Salto, nos últimos meses, tem se mostrado bastante irrequieto devido às eleições de 2010 e já com uma perspectiva para as de 2012, quando definiremos um novo gestor municipal, já que o prefeito Geraldo Garcia não poderá concorrer a uma reeleição, a não ser que a lei eleitoral mude. Vemos articulações entre partidos e grupos políticos da cidade e da região se movimentando para garantir mais quatro anos de poder.
Esse esquentar no caldeirão é mais perceptível nas sessões da Câmara de Vereadores, local em quem um grupo bastante heterogêneo de edis expõe suas idéias e lamentações semanalmente.
Nos últimos meses percebemos que alguns discursos não condizem com a função do vereador, a de fiscalizar as ações do Executivo. Tanto é real o que abordamos aqui, que no mês passado a promotora de Justiça, Dra. Drª Ana Alice Mascarenhas Marques enviou dois ofícios solicitando que o Legislativo cumpra seu papel em casos que estão tramitando no Ministério Público. Um deles seria a falta de estrutura e adequação de espaços públicos para a acessibilidade de portadores de deficiência e o outro no transporte de pacientes a outras cidades da região.
Essa semana o vereador Willhes Gomes da Silva apresentou um oficio com 17 itens para que os vereadores acordem e comecem realmente a fiscalizar os contratos de concessões, as questões ambientais, as questões de obras e suplementações de caixa da Prefeitura, entre tantos outros assuntos de responsabilidade do vereador.
O vereador Divaldo Garotinho disse que Willhes queria que os demais comprassem seu luta, mas cada vereador tem sua causa própria. Cabe nos perguntarmos se as causas comuns, inerentes ao bem estar da população, são inferiores as causas próprias dos vereadores? Será que as informações publicadas pela imprensa local sobre prorrogações de contratos sem a necessidade de se abrir novas licitações, ou o gasto de mais R$ 1 milhão com órgão de imprensa local, entre publicidade e atos oficiais, não merecem a atenção dos vereadores, mesmo que esses sejam da situação.
Questões como a troca de terrenos entre uma empresa privada e o poder público é correto, é legal? O que diz as leis sobre isso?
Mesmo que houvesse um retorno por parte da empresa para o asfaltamento de ruas e construção de posto de saúde, esse dinheiro viria de uma verba conseguida pela deputada Aline Correa. Ou seja, dinheiro público, em miúdos, dinheiro do nosso próprio bolso. Enquanto a empresa mesmo sairá dessa história com os lucros. Detemos-nos muito na aparência da capa do livro e não percebemos que a leitura da obra pode fazer com que enxerguemos que o conteúdo não é tão bom assim.
Está na hora de cobrarmos mais rigor na fiscalização de instrumentos de interesse comum da sociedade, melhor condições de saúde, creches, vagas nas escolas, programas sociais para reduzir o índice de criminalidade no município. Deixar de aceitar o fácil, o superficial e passarmos a fazer o correto.
Só assim, viveremos a democracia. Só assim, seremos respeitados como cidadãos.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Falta de Liderança
Atualmente vivemos um período onde a ausência de liderança, principalmente política, está diretamente ligada à instabilidade, a corrupção e o não funcionamento das instituições. Por toda a parte percebemos a escassez de líderes, ou então, a propagação de indivíduos (em posição de liderança) cujos valores são no mínimo questionáveis. Hoje, os nossos líderes são eleitos pelo carisma e não mais pelo compromisso firmado com a população.
Favoritismo e politicagem são problemas que resultam frequentemente da falta de uma postura adequada por parte dos que ocupam uma posição de chefia, que muitas vezes tiram do povo para si e agem sempre com vaidade, mas a falta de participação popular também tem sua parcela, nessa somatória.
Com isso, nos cabe perguntar: será que estamos elegendo conscientemente os nossos governantes? O povo elege seus governantes e tem o direito de que eles o sirvam e os representem. Se isto não acontece, nós eleitores temos o dever de tirá-los do poder, dentro da lei e da ética.
Temos que ter consciência de quem detém o poder tem medo de perdê-lo, e por isso nunca sairão de lá por vontade própria. Tal qual aconteceu com Fernando Collor. Mas para isso, é preciso agir, é preciso participar.
Foi a mobilização estudantil que conseguiu tirar Collor do poder em 1992. Sem essa cobrança por parte da sociedade, o afastamento do ex-presidente provavelmente não teria ocorrido. Precisamos despertar, em nossa sociedade e em nossa cidade, novos líderes e não podemos ficar a mercê da manipulação de grupos políticos.
Quem se preocupa em dar uma formação para seus filhos para serem pessoas melhores conscientes e responsáveis? A maioria das preocupações dos pais se resume ao futuro financeiro de seus filhos. Não se pensa no que os jovens querem ser, mas sim qual profissão pode trazer mais lucro, e é por isso que temos péssimos médicos, péssimos professores, péssimos advogados, juízes, porque eles não estão nessas funções porque acreditam na importância do seu trabalho, não estão preocupados em salvar vidas, não estão preocupados se o bandido estará livre, não exercem suas profissões com amor, mas sim pensando no valor da sua conta bancária.
Com isso, perdemos nossa identidade, perdemos a garra de lutar pelos nossos objetivos e pelos nossos ideais. O consumismo e o desejo de termos a aparência mais bela cega o ser humano que esqueceu que seu papel nessa vida é viver, ter saúde, aproveitar o que nos foi oferecido de graça, como o sol, o lazer, a família, a natureza, a vida.
É preciso que sejamos renovados e é preciso que novos ‘verdadeiros líderes’ apareçam e que o povo não cale somente dentro de si suas verdades, para mudar é preciso ação, atitude e união.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Verdade ou Mentira
O leitor deve se lembrar daquele jogo da escola que a professora lançava questões e tínhamos que dizer se era verdade ou mentira. Pois bem, essa semana algo muito semelhante acontece na Câmara de Vereadores de Salto.
Há aproximadamente quatro meses o vereador Willhes Silva (PV) enviou a Prefeitura requerimento questionando se a mesma tinha conhecimento de um aterro atrás da Cerâmica Guaraú e se o referido espaço era legal ou ilegal.
Esta semana, após tantas cobranças do edil, a secretária Marcia Mendes Villegas respondeu o documento. “O engenheiro da Secretaria de Desenvolvimento Urbano esteve no local, e informou que a área é de propriedade particular, inexistindo aterro sanitário”. Percebam que não foram esses os questionamentos feitos. Na visão de Willhes a resposta é um tanto quanto mentirosa. Ao afirmar que não existe aterro no local a Prefeitura vai contra todas as matérias publicadas e fotografias feitas. Questionamos é verdade ou mentira, o aterro existe ou não?
Ao classificar como mentirosa a resposta da Prefeitura, Willhes colocou em dúvida as demais respostas vindas do Executivo.
Na semana passada durante o episódio divulgado por este jornal, quando crianças gripadas estavam na Creche Ideal, procuramos o secretário Wilson Roberto Caveden para se posicionar sobre o assunto. Fomos informados pela assessoria de imprensa da Prefeitura que o mesmo não estava na cidade. Mas, ao ligarmos na Secretaria da Educação, tivemos a surpresa de encontrá-lo. Verdade ou mentira?
Outro fato curioso também relacionado à mesma Secretaria são os valores licitados para a construção do Centro de Educação e Cultura. Inicialmente, o prefeito Geraldo Garcia disse que as verbas sairiam da Secretaria da Educação, porém no final houve subsídios retirados de outras pastas para se concluir a obra.
Por falar em obras, a tão falada permuta de terrenos entre Executivo e a empresa Eucatex, depois de muito negada pela Prefeitura surgi gloriosa com quase todos os tramites legais acertados. Quanta rapidez! Seria este um projeto expresso, já que daqui a pouco os vereadores decidiram o melhor para os moradores do Jardim Marília. É verdade ou mentira que a prefeitura não sabia deste interesse da Eucatex pela área? Será que estamos viajando nos pensamentos?
Falando em viagem, até agora não sabemos o que o prefeito Geraldo Garcia juntamente com o prefeito de Indaiatuba, Reinaldo Nogueira foram fazer na Finlândia. O motivo apresentado a imprensa seria estudos para a implantação de uma Usina de Lixo na região. Pasmem! Um mês antes da viagem o projeto de formação de um consórcio do lixo envolvendo o nome de Salto já estava sendo aprovado pelos vereadores de Indaiatuba. Diante de tal fato, entrevistamos o prefeito Geraldo para saber se ele conhecia o projeto, obtivemos negativas. Depois disso, ele disse que um advogado da prefeitura de Salto acompanhava e ajudava na elaboração dos termos do referido documento. Acreditar no que? Em quem? Estamos equivocados ou as coisas estão estranhas no cenário político. O que não queremos é que a cidade viva a síndrome do Pinóquio.
Vida com qualidade
Essa semana foi divulgado o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, referente aos dados de 2006, e a cidade de Salto caiu da 86ª para a 159ª posição no ranking nacional. O principal item que fez a cidade cair foi a Educação, que diminuiu 9,1% em relação ao ano de 2005, seguido de Saúde, com uma perda de 0,3%. O único item que cresceu no ano analisado foi Emprego e renda, com 1,4% a mais em 2006.
A queda do índice de Salto pode ser vista pela forma de avaliação que é aplicada na rede municipal de ensino. Atualmente para medir o conhecimento do aluno o professor da rede municipal não se apega às notas, ele se baseia em um relatório no qual diz se o aluno está apto ou não. Convenhamos que a progressão continuada tem sido de certa forma prejudicial na formação dos alunos. Ela nivela os estudantes, sem ao mínimo saber se eles têm o domínio ou não do conteúdo aplicado em sala de aula.
Como reflexo dessa precariedade no ensino, temos uma sociedade que se marginaliza, uma vez que a educação não cumpre seu papel. Os problemas socioeconômicos aos quais estão inseridos também se refletem no nosso sistema de saúde.
O péssimo atendimento no Hospital Municipal e nos Postos de Saúde demonstra a falta de investimentos na área. Prova disso é que a Câmara dos Vereadores de Salto precisou formar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar as irregularidades no atendimento do usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) em nossa cidade.
Nessa semana, os vereadores falaram da necessidade do Executivo investir nas questões sociais em Salto. A falta de projetos sociais contribui para a precariedade da perspectiva e qualidade de vida das pessoas que moram nas periferias, e não tem acesso a educação, cultura e saúde de qualidade.
Para se ter uma idéia da dimensão que essa defasagem representa para o município, citamos como exemplo a falta de uma estrutura que possa abrigar crianças e adolescentes entre 12 e 18 anos. Essas crianças são enviadas para outro município, pois aqui não há atendimento para elas. Sabemos que a Casa de Belém, que cuida de crianças de 0 a 12 anos, tem capacidade máxima de atendimento para 16 menores, o que para uma cidade como Salto, é um valor ínfimo, principalmente porque muitas vezes o Conselho Tutelar é obrigado a separá-las de suas famílias, devido à violência a que são submetidas.
A cidade ainda não conta com um albergue e nem um centro de triagem munido de assistente social, psicólogas e profissionais capacitados que possam orientar famílias que convivem com os problemas da droga e do álcool.
Todos esses fatores aliados à falta de emprego, já que o crescimento nesse setor em Salto foi menor do que a média estadual, demonstra a necessidade de investimentos para que a qualidade de vida volte a patamares no mínimo mais dignos de sobrevivência.